APRENDENDO A DESAPEGAR...

Tá, sei que em se tratando de filhos, o termo desapegar não é o mais indicado... Mas no meu caso é o que eu tenho que usar.

Preciso aprender a desapegar... A delegar tarefas, a confiar o cuidado da Maria Carolina a outras pessoas que não sejam meus familiares, no caso, minha mãe e minha irmã. Porque digo isso?

Maria Carolina está crescendo, na idade e no “corpinho”. Vai fazer sete anos, tem 1.20cm e 20kg. Uma altura e peso consideráveis, né?

Estou/estava acostumada a levar minha gorda pra todo e qualquer lugar que eu fosse. MC era arroz de festa. Não perdia um evento: onde fôssemos convidadas, lá estávamos nós!

Só que agora, as coisas estão ficando meio complicadas. Sinto que ela se cansa com mais facilidade, não suporta ficar muito tempo sentada na cadeira de rodas ou na cadeirinha do carro. O “barulho” de festa que antes ela adorava, agora parece que deixa com dor de cabeça... Sinto que ela fica incomodada. Depois o esquema: põe na cadeira do carro, viaja, sai da cadeira do carro, vai pra cadeira de rodas, volta pro carro... Tudo isso cansa muito. e noto que a cada dia que passa isso vai ficando mais difícil. Pra mim e pra ela!

Tenho saído bastante sem ela, principalmente quando vou pra Capão. Minha mãe (Vovó Maluquinha) cuida da MC como se fosse eu! Ela sabe do que a gordinha precisa, do que ela gosta e principalmente, sabe o que fazer em caso de alguma emergência.

Antes da Marina, eu fui viajar sozinha com o Fernando e minha mãe ficou com a Maria. Foram 3 dias só... Voltei porque não aguentei de saudades.

Depois, quando a Marina nasceu, minha mãe e irmã se revezaram no cuidado da Maria enquanto eu estava no hospital com a pequena.

Sempre que tenho uma festa ou algum outro compromisso, é com a minha mãe que a Maria fica.

Mas minha irmã me deu um “toque” esses dias: "E quando todos nós tivermos um evento? E quando a mãe, eu e tu tivermos que ir na mesma festa, como vai ser? Quem vai ficar com a Maria Carolina, quando não for possível ela estar junto com a gente?"

E é aí que a minha dúvida cruel começa: com quem a Maria Carolina vai ficar quando isso acontecer? Não posso sacrificar minha mãe e meu pai sempre e infelizmente não vou poder contar com eles pra sempre. E quando tivermos uma viagem ou uma festa?

Também não vou poder deixar de sair com a Marina, levar a pequena pra conhecer os vários lugares que eu quero que ela conheça e que eu já fui com a Maria quando ela ainda aguentava nossa vida de nômades.

O que fazer? Sei que existem serviços especializados e pessoas responsáveis para cuidar de crianças especiais. Conheço muitas famílias que contratam esses serviços para poderem viajar com os outros filhos ou até mesmo para terem umas férias da vida doméstica (que no caso de pais especiais não é nada fácil!). Mas e como confiar? Como desapegar? Como poder sair de casa tranquila e deixar nossa filha dependente totalmente de pessoas estranhas? De gente que ela não conhece? Sabendo que ela vai sentir minha falta, falta dos meus carinhos e de ouvir minha voz?

Dúvidas que me perseguem e me machucam toda vez que eu penso nelas. Mas que a cada dia que passa, ficam mais e mais próximas...